Tem a coragem de subir a um monte alto e gritar. Se queres um conselho: grita alto, grita muito alto já que um grito nunca é alto demais se atingir os decibéis certos (e tu já definiste bem quais são os teus).
Agora tem a decência de descer desse monte alto onde te tens mantido e vê como o rio corre. Por mais que aches que consegues, a água corre sempre num único sentido e tu não a podes mudar. Ela flui e insensata e tresloucadamente vai morrer à foz. E é essa mesmo a maior inutilidade da força humana: não conseguir mudar o rumo desse belo e cruel rio que, satisfazendo o seu prazer egoísta, se enrola e desenrola, finta e embate contra as pedras afiadas ainda não polidas pela própria água. O que nele passa, passou, e a força que fazes para te agarrar e o deixar fluir sozinho é mágica e linda mas apenas serve para atrasar o inevitável; mas agarra-te com força! (Lutar nunca foi insensato mesmo quando sabes que pouco altera, se lutares com força e pelo que realmente acreditas!).
Agora vai à diminuta vila que fica a meio do monte. Nota aí que a quantidade pode nada ter que ver com a qualidade principalmente quando há uma união eminente na qualidade do que é nosso e assim fica até que o grito se esgota e o rio vá desfalecer à foz.
Mantêm-te aí enquanto puderes!
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